segunda-feira, 5 de julho de 2010

Há em mim...



Há em mim uma sede, uma sede de vida, sede de um início, um recomeço. Desespero infinito, absoluto... Uma angústia intensa que atormenta, dilacera a alma, a calma, a paz. Um coração preenchido de saudade sei lá do quê, ausências... excessos... extremos... Uma vontade que me consome, que me exige arrumar essa bagunça que existe em mim.

Há em mim uma tempestade, um mar de medo, inseguranças, incertezas de tudo, do mundo, de mim, do que quero, do que sonho. Um mistério não decifrado, um grito, um silêncio. Um desejo constante, à flor da pele, medo, aflição, ansiedade, inquietação, de ir embora pra que sintam falta – e torcer pra que sintam.

Há em mim uma confusão de sentimentos, pensamentos, momentos mal resolvidos, mal vividos. Uma escassez de sentido em tudo. Uma urgência, emergência de libertar-me de arrependimentos vários, lembranças que me aprisionam e não me permitem partir pro futuro de peito aberto, cara limpa, alma limpa. Consciência de quem se afoga, se afoga, e quer muito subir à superfície, respirar, respirar ar puro, vida, flor... Curiosidade de saber por que esses meus passos cansados me arrastam sempre pra lugar nenhum.

Quero parar de ter que suportar meu dia. Parar de torcer pra anoitecer e eu poder dormir, dormir e sonhar sonhos bons. Parar de amar com medo dos tombos: “pelo muito que amei e não me amaram”.

E esse jeito de estar morta ainda respirando... sangrando... às cegas... partida em mil fragmentos... cansada de “procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis”... ferida por silêncio e desinteresse alheio, ferida de “amar errado”... ah não, não me apetece, não me deixa nada feliz.

E minhas tentativas de fazer as pessoas gostarem de mim já se esgotaram todas. E essa sede que não passa, sede de ser, de pertencer, de vida... ah que vontade de devorá-la, assim inteira, de uma só vez, num só gole!

Vontade de vaidade, amor próprio, amor alheio, otimismo, fé. Vontade de mãos dadas, num encaixe perfeito, de poder me esconder nos abraços, de sorrisos, olhares trocados, de paixão mútua, de desejo mútuo, de relacionamento bilateral, de sentimento dado e recebido, de bobagens no ouvido. De flores, delicadeza, beijo doce, beijo ácido, gosto de mordida, briguinhas, cena de ciúme, reconciliação, comemoração. De estar junto, perto, tão perto, de ser saudade, motivo de insônia, arrepio sutil, delírio, martírio. Ter onde pousar os olhos, sem ter medo de ser traduzida, mal interpretada.

Quero ser infantil de vez em quando, chata de vez em quando sem precisar ser julgada por isso. E me permitir vez ou outra, perder a razão e o equilíbrio porque é normal. E não mais me deixarei levar por promessas vazias, sejam elas palavras ou gestos – porque gestos também são promessas.

Quero realizar sonhos arquivados, empoeirados, esquecidos. Quero enfrentar a verdade, mas que seja então uma verdade boa, “que seja doce”. Sair dessa anestesia, dessa inércia, desse deserto. E então não me caberão mais dores, desamores aqui dentro. E quando a vida ameaçar doer... estarei aqui, estarei pronta, estarei forte! Quando a vida ensaiar amor, abrirei as cortinas pra que comece o espetáculo. Amarei publicamente, sem medos, receios... E então acenderei a luz em minha alma e as sombras não mais me parecerão tão escuras...


(By Ucha, depois de muito ler Caio F.)

kkkkk


Um comentário:

Marcello Lopes disse...

Muito bom, a inspiração ajuda bastante né ?
bjs